Está frio. Eu não sei onde estou. Porque estou com tanto frio? Eu deveria abrir meus olhos. Eu preciso abrir meus olhos. Seriam esses meus olhos? Eu trago uma mão ao rosto, e toco-o. A pele é suave. Eu tenho um nariz. E olhos. Abro meus olhos. Olho em volta. Eu moro aqui? Onde, exatamente, é "aqui"? As paredes são velhas, e eu não devo ser um bom dono-de-casa, pois eu consigo reparar que as paredes estão praticamente apodrecendo.

Porque eu deixei minha casa decair a tal ponto? Essa é a minha casa? Sento-me. Meu corpo está estranho, como se eu não pertencesse a ele. Olho em volta. Eu preciso ver como eu me pareço. Tem algo que eu devia me lembrar. Algo realmente importante. Porque não há espelhos aqui? Porque eu estou usando uma camisola? Eu sou velho?



Enquanto me levanto, minha visão embaça um pouco, e eu pisco até que eu consiga ver a porta novamente. Onde estão meus sapatos? Porque eu não tenho um armário em meu quarto? Há uns chinelos perto da parede, talvezz eu devesse coloca-los. Eu os ponho. Eles são muito pequenos, e machucam meus pés. Eu abro a porta, ou melhor, tento o fazer. Não está abrindo. Eu tenho que abrir a porta. Eu bato nela. Porque eu a tranquei? Onde estão minhas chaves? Finalmente, ela se abre. Ah, parece que eu tenho uma amiga.

"Não consigo lembrar de você" eu digo. Parece familiar. Ela suspira, mas abre a porta, e me deixa sair.

"Isso é normal, Sr. Jones." ela fala e eu dou alguns passos no corredor.

"Porque eu não tenho um armário no meu quarto? Onde estão minha roupas?" Eu pergunto.
"Fale com o médico, Sr. Jones." Ela fala pra mim, e fecha minha porta. Então, a tranca.

"Deveria eu ter a chave do meu próprio quarto?" Eu pergunto para ela. Ela suspira, e anda na minha frente pelo corredor. Que grosseiro. Pelo menos, agora eu sei que meu nome é Sr. Jones. Eu ando atrás dela. Tem de haver mais alguém nesse lugar. Há muitas portas por aqui. Talvez eles possam me dizer como eu me pareço. "Desculpa, você pode me conseguir um espelho?" Eu pergunto para a senhorita.

"Não, Sr. Jones. Não posso." Ela destranca uma porta, e eu ouço gritos. Porque há pessoas gritando dentro de minha casa? "Sr. Jones, o médico virá logo." Ela diz. Ah, estou doente. Tudo bem, o médico me curará.

"Estou doente?" Eu pergunto. Minha amiga funga e entra no quarto que acabou de abrir, o quarto com gritos. É minha imaginação ou esse lugar está ficando mais escuro? Ah, uma pessoa. Talvez eu me pareça com ele. "Olá? Eu sou Sr. Jones. Quem seria você?"

"Vai! Corra!" O homem susurra enquanto passa por mim. "Corra, droga!" Então eu o faço. Mas logo, uns passos a frente, há um médico. Pelo menos ele se parece com um.

"Sr. Jones, venha comigo, por favor." Ele fala. "Ah, ótimo! Você vai me curar?" Eu pergunto. Ele acena com a cabeça e eu o sigo. As luzes parecem piscar. Deve ser algum problema elétrico. "Porque eu conservo minha cara em condições tão decadentes?" Pergunto ao médico. Ele suspira, e me direciona a uma porta.

"Sente-se" Ele fala. Eu sento. Um homem sai de uma porta em uma maca. Ele está dormindo. Ele deve ter sido curado. Eu vou ser. "Sr. Jones, nós estamos prontos pra você." O médico aparece novamente,e eu fico de pé, e o sigo. "Deite-se" Ele fala. Eu deito. Eles rápidamente amarram meus pulsos e tornozelos. "Morda isso" O médico fala, e me oferece algo para eu morder.

"Porque?" Eu pergunto.

"Para te curar" Ele responde, e eu aceno com a cabeça, mordendo aquilo. Há uma agitação nas luzes, e um zumbido. E então dor. Muita, muita dor. E então a escuridão.

Está frio. Eu não sei onde estou. Porque estou com tanto frio? Eu deveria abrir meus olhos. Eu preciso abrir meus olhos. Seriam esses meus olhos?

Créditos: 
 Divina Jasmim

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