Ele estava atormentando-a. Era difícil descrevê-Lo. Nem sequer sabia como era; Só sabia que não a deixava dormir. Era assim, que Helena descrevia o motivo das suas insônias. Desde que “Ele” aparecera na sua vida, tudo tinha ficado bastante confuso; Ela havia saído do emprego, e agora se limitava somente a ficar em casa, bastante perturbada.
Sua casa não era das grandes, porém, naquela situação seu minúsculo casebre se tornara uma mansão interminável; Onde em cada cômodo poderia ser o esconderijo perfeito para o seu algoz. Retirou todos os móveis do seu quarto deixando somente a cama. “Não vou deixar nada em que Ele possa se esconder”, pensou.
Já tinham se passado 3 dias, e Helena não pregara o olho. Acreditava que assim que fechasse os olhos, seria pega de surpresa por Ele. Aquela que estava agora deitada na cama, não era nada parecida com a linda moça de outrora. Os cabelos negros e longos, os olhos castanhos claro e os lábios normalmente torneados por um batom vermelho ficaram para trás; Agora era somente uma moça com cabelos emaranhados, olheiras e lábios ressecados.
Tudo começou há aproximadamente uma semana. Tudo em sua vida ocorria maravilhosamente bem – Emprego, amigos, família, namoro... Até o dia em que o seu namorado pediu-a em casamento. Estavam juntos há 2 anos, e ele queria lhe fazer uma surpresa, por isso não a comunicara antes. Helena rejeitou, alegando que não era o momento certo para ela. Ele ficou muito triste, e foi embora dirigindo seu carro. Foi a última vez que o viu. Sofreu um acidente horrível, e morreu na hora.
Desde então, coisas estranhas têm acontecido com ela. Aquela noite estava ainda mais tenebrosa do que outra qualquer. Como se não bastasse àquela chuva incessante, os desabamentos causavam a morte de muita gente em uma cidade próxima dali – Era um roteiro de filme de terror autêntico.
Estava deitada na cama, aguardando pacientemente que a noite passasse depressa. Chovia bastante, e alguns trovões completavam a trilha sonora da noite. Tinha deixado todas as luzes da casa acesas. Nunca teve medo do escuro, mas aquele era um caso à parte. Ele poderia se esconder na escuridão, e poderia entrar no quarto sem ser visto. Na trêmula mão esquerda, segurava com força uma faca longa e afiada. “Se Ele se aproximar, não hesitarei em golpeá-lo”.
Repentinamente, ouviu-se um estrondo de um raio; Um barulho como de uma árvore imensa caindo, e todas as luzes da casa apagaram. Helena entrou em pânico. Não conseguia enxergar nada, mas sabia que era Ele, e que veio buscá-la. Ficou de pé na cama, enquanto gritava desesperada: “Não se aproxime de mim! Estou armada!”.
Golpeava o nada aleatoriamente, na tentativa de acertá-Lo. A mistura de suor e lágrimas escorriam-lhe o rosto esguio, que naquele momento, transmitia uma expressão horrorizada e sem vida, de uma mulher que dificilmente alguém diria que era normal.
Foi então que a repetitividade cansou-lhe os braços; Sentiu um peso enorme neles, e não conseguiu se mexer. Vagarosamente a faca que ainda se encontrava na sua mão, moveu-se em direção ao pescoço. Helena tentou gritar, mas Ele era muito mais forte do que ela.
Um corte foi o suficiente para tirar-lhe a vida. Desfaleceu ainda sobre a cama, e com os olhos abertos.
Alguns dias depois, a polícia encontrou o corpo daquela jovem moça, já em processo de decomposição. Não encontraram vestígios de que mais alguma pessoa estivera ali; Mas algo ainda intrigava-os: No teto, logo acima da cama de Helena, alguém havia escrito com o sangue da vítima: “Você não pode matar o que não pode tocar”.

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