Há um ou dois anos atrás, comecei a notar uma coisa muito estranha acontecendo com meu carro; uma superstição, ou como você quiser chamá-lo. Quando eu estava no banco do motorista, sempre verificava se havia alguém nos bancos de trás, embora apenas à noite (meu trabalho normalmente terminava em diferentes horas da noite). Muitas pessoas fazem isso, provavelmente por causa de histórias como "O Gancho", aquela sobre o motorista de caminhão piscando suas luzes para uma mulher desconhecida, sem motivo alguem. Mas, eu tinha uma boa razão para isso, e, assim como as lendas, tudo começou com uma história.

De volta quando eu estava no grupo de escoteiros, todas as crianças contavam lendas urbanas, tentando assustar os nossos amigos. Mas as melhores histórias vinham de nossos pais. Talvez porque os ouvimos mais atenciosamente, ou porque eles estiveram vivos por tempo o suficiente para saber como cativar um público. Ou, pode ter sido porque sempre havia alguma verdade (mesmo que às vezes somente uma pequena pitada de verdade), para fazer com que tudo aquilo soasse muito real para crianças como nós.

Eu me lembro de uma vez que estávamos acampados muito tarde na floresta. Minha tropa estava se preparando para uma "corrida de revezamento de inverno." Foi somente depois que eles nos disseram para irmos pra cama, que eu abri meu saco de dormir apenas o suficiente para ouvir o que o meu pai estava dizendo para os pais de meus colegas escoteiros. A história se passava quando meu pai ainda trabalhava no Hospital Beth Israel, na década de setenta. Ele estava contando sobre uma sala de queimaduras que havia lá; ele se lembra de ter visto algumas celebridades por lá, famosos até mesmo fora da área de Boston. Ele descreveu que, quando sua pele arde no fogo, ela deixa de agir como pele, e passa a agir mais como uma espécie se “substância cerâmica”. A parte mais assustadora era olhar as fotos das vítimas da maneira como eles eram antes, e como haviam ficado depois das queimaduras. Era especialmente assustador olhar para as celebridades quando você já sabia suas aparências anteriores às queimaduras.

Meu pai só falava sobre aquela sala de queimaduras com os outros pais. Eu nunca ousei perguntar a ele, com medo de talvez levar um tapa na cabeça por ficar acordado até tarde. De qualquer maneira, todos nós ficávamos até tarde para ouvir as histórias mais assustadoras de todos eles. Havia três atributos dessas histórias que eu me lembro: Primeiro, ele só contava as histórias da sala de queimaduras quando estava frio (aquele frio comum da Nova Inglaterra, onde você podia sentir o cheiro da neve que vinha). Frio o suficiente para ver nossas respirações, mas não a ponto de precisarmos cancelar nossos acampamentos. Em segundo lugar, os olhos dos pacientes, o que a maioria das pessoas não pensam. Para elas, os olhos são basicamente “colados”, pela pele que escorre para fora e se reconstrói na base das pálpebras. Às vezes, os médicos tentam erguer as pálpebras para abri-las, mas na maioria das vezes, seus olhos literalmente “explodem”.

E a terceira coisa que meu pai mais conseguia lembrar, não era o cabelo ou os olhos, mas sim suas unhas. Suas mãos eram as únicas coisas que ele tinha que tocar, na distribuição de medicamentos. A verdade, é que as células que formam as unhas nunca são reformadas corretamente depois de estar sob calor o suficiente para dar queimaduras de terceiro grau em todo o corpo, mesmo depois de se curar. A integridade das unhas fica fraca e frágil, mesmo depois de anos e anos da recuperação do resto do corpo da vítima. Meu pai disse que quando ele limpava a sala, ele encontrava dezenas e centenas de unhas quebradiças que compunham o lixo no chão.

Agora, de volta à minha superstição antes de começar a explicar minha história. Ultimamente, tenho encontrado unhas nos meus bancos traseiros mais e mais vezes. As unhas, obviamente, vinham de um ser humano, mas tinha certeza de que não vinham de mim. A primeira coisa que eu pensei foram meus clientes; tenho trabalhado em uma facilidade para idosos há cerca de dois meses, e às vezes eu tinha que levar meus clientes no meu carro. No começo, pensei que eles provavelmente estariam agindo preguiçosamente e não os jogando fora, ou simplesmente queriam deixar uma bagunça nojenta como um meio de conseguir um aumento infantil das pessoas.

Isto é, até o dia em que fui pouco cuidadoso, e vi alguém tentando abrir a porta de trás do carro. Estava escuro, e quando gritei para ele, ele olhou para mim e imediatamente fugiu em direção a floresta. Eu gostaria de poder dizer que não consegui dar uma boa olhada em seu rosto. Afinal, foi isso que eu disse para a polícia quando contei sobre a invasão. Mas eu vi o seu rosto, se é que você poderia chamá-lo de rosto. É difícil explicar agora, apesar de conseguir vê-lo claramente em minha cabeça. O rosto não é difícil de descrever por causa de meu medo na hora, mas sim, por causa das graves queimaduras no homem.

Ele não tinha orelhas, nem olhos, nada além de uma boca aberta, uma boca que parecia desproporcionalmente grande para o resto de sua cabeça, provavelmente porque era a única coisa que dava algum contexto natural ao homem (ou coisa). Apesar disso, a boca era o suficiente para expressar o medo do homem; o medo, ao tomar conhecimento que eu havia interrompido seus planos. Todo mundo já ouviu essas histórias assustadoras sobre o homem com um gancho, ou sobre o motorista do caminhão piscando suas luzes sem motivo aparente. Essas histórias ainda se espalham para todas as novas gerações de motoristas. Antes deste incidente, eu provavelmente riria delas, assim como você. Não precisa necessariamente de um homem com uma faca para fazer com que alguma pessoa comece a olhar atrás de suas costas, assustada. No meu caso, só me bastou uma visita à ala de queimados do Hospital Beth Israel, quando descobri que muitos pacientes estavam desaparecidos...

Cuidado com as unhas.


A “Morte Escarlate” havia muito devastava o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era sua revelação e sua marca. A cor vermelha e o horror do sangue. Surgia com dores agudas e súbita tontura, seguidas de profuso sangramento pelos poros, e então a morte. As manchas escarlates no corpo e principalmente no rosto da vítima eram o estigma da peste que a privava da ajuda e compaixão dos semelhantes. E entre o aparecimento, a evolução e o fim da doença não se passava mais de meia hora.
Mas o príncipe Próspero era feliz, destemido e astuto. Quando a população de seus domínios se reduziu à metade, mandou vir à sua presença um milhar de amigos sadios e divertidos dentre os cavalheiros e damas da corte e com eles retirou-se, em total reclusão, para um dos seus mosteiros encastelados. Era uma construção imensa e magnífica, criação do gosto excêntrico, mas grandioso do próprio príncipe. Circundava-a a muralha forte e muito alta, com portas de ferro. Depois de entrarem, os cortesãos trouxeram fornalhas e grandes martelos para soldar os ferrolhos. Resolveram não permitir qualquer meio de entrada ou saída aos súbitos impulsos de desespero dos que estavam fora ou aos furores do que estavam dentro. O mosteiro dispunha de amplas provisões. Com essas precauções, os cortesãos podiam desafiar o contágio. O mundo externo que cuidasse de si mesmo. Nesse meio-tempo era tolice atormentar-se ou pensar nisso. O príncipe havia providenciado toda a espécie de divertimentos. Havia bufões, improvisadores, dançarinos, músicos, beleza, vinho. Lá dentro, tudo isso mais segurança. Lá fora, a “Morte Escarlates”.
Lá pelo final do quinto ou sexto mês de reclusão, enquanto a peste grassava mais furiosamente lá fora, o príncipe Próspero brindou os mil amigos com um magnífico baile de máscaras.
Que voluptuosa cena a daquela mascarada! Mas antes descrevamos os salões em que ela se desenrolava. Era uma série imperial de sete salões. Em muitos palácios, porém, esses salões formam uma perspectiva longa e reta, quando as portas se abrem até se encostarem nas paredes de ambos os lados, de tal modo que a vista de toda essa sucessão é quase desimpedida. Ali, a situação era muito diferente, como se devia esperar da paixão do príncipe pelo fantástico. Os salões estavam dispostos de maneira tão irregular que os olhos só podiam abarcar pouco mais de cada um por vez. Havia um desvio abrupto a cada vinte ou trinta metros e, a cada desvio, um efeito novo. À direita e à esquerda, no meio de cada parede, uma alta e estreita janela gótica dava para um corredor fechado que acompanhava as curvas do salão. A cor dos vitrais dessas janelas variava de acordo com a tonalidade dominante na decoração do salão para o qual se abriam. O da extremidade leste, por exemplo, era azul – e de um azul intenso eram suas janelas. No segundo salão os ornamentos e tapeçarias, assim como as vidraças, eram cor de púrpura. O Terceiro era inteiramente verde, e verdes também os caixilhos das janelas. O quarto estava mobiliado e iluminado com cor alaranjada. O quinto era branco, e o sexto, roxo. O sétimo salão estava todo coberto por tapeçarias de veludo negro, que pendiam do teto e pelas paredes, caindo em pesadas dobras sobre um tapete do mesmo material e tonalidade. Apenas nesse salão, porém, a cor das janelas deixava de corresponder à das decorações. Aa vidraças, ali, eram escarlates – de uma violenta cor de sangue.
Ora, em nenhum dos sete salões havia qualquer lâmpada ou candelabro, em meio à profusão de ornamentos de ouro espalhados por todos os cantos ou dependurados do teto. Nenhuma lâmpada ou vela iluminava o interior da seqüência de salões. Mas nos corredores que circundavam a suíte havia, diante de cada janela, um pesado tripé com um braseiro, que projetava seus raios pelos vitrais coloridos e, assim, iluminava brilhantemente a sala, produzindo grande número de efeitos vistosos e fantásticos. Mas no salão oeste, ou negro, o efeito do clarão de luz que jorrava sobre as cortinas escuras através das vidraças da cor do sangue era desagradável ao extremo e produzia uma expressão tão desvairada no semblante dos que entravam que poucos no grupo sentiam ousadia bastante para ali penetrar.
Era também nesse apartamento que se achava, encostado à parede oeste, um gigantesco relógio de ébano. Seu pêndulo oscilava de um lado para o outro com um bater surdo, pesado, monótono; quando o ponteiro dos minutos completava o circuito do mostrador e o relógio ia dar as horas, de seus pulmões de bronze brotava um som claro, alto, grave e extremamente musical, mas em tom tão enfático e peculiar que, ao final de cada hora, os músicos da orquestra se viam obrigados a interromper momentaneamente a apresentação para escutar-lhe o som; com isso os dançarinos forçosamente tinham de parar as evoluções da valsa e, por um breve instante, todo o alegre grupo mostrava-se perturbado; enquanto ainda soavam os carrilhões do relógio, observava-se que os mais frívolos empalideciam e os mais velhos e serenos passavam a mão pela teste, como se estivessem num confuso devaneio ou meditação. Mas, assim que os ecos desapareciam interiormente, risinhos levianos logo se riam do próprio nervosismo e insensatez e, em sussurros, diziam uns aos outros que o próximo soar de horas não produziria neles a mesma emoção; mas, após um lapso de sessenta minutos (que abrangem três mil e seiscentos segundos do tempo que voa), quando o relógio dava novamente as horas, acontecia a mesma perturbação e idênticos tremores e gestos de meditação de antes.
Apesar disso tudo, que festa alegre e magnífica! Os gostos do príncipe eram estranhos. Sabia combinar cores e efeitos. Menosprezando a mera decoração da moda, seus arranjos mostravam-se ousados e veementes, e suas idéias brilhavam com um esplendor bárbaro. Alguns podiam considerá-lo louco, sendo desmentidos por seus seguidores. Mas era preciso ouvi-lo, vê-lo e tocá-lo para convencer-se disso.
Para essa grande festa, ele próprio dirigiu, em grande parte, a ornamentação cambiante dos sete salões, e foi seu próprio gosto que inspirou as fantasias dos foliões. Claro que eram grotescas. Havia muito brilho, resplendor, malícia e fantasia – muito daquilo que foi visto depois no Hernani. Havia figuras fantásticas com membros e adornos que não combinavam. Havia caprichos delirantes como se tivessem sido modelados por um louco. Havia muito de beleza, muito de libertinagem e de extravagância, algo de terrível e um tanto daquilo que poderia despertar repulsa. De um ao outro, pelos sete salões, desfilava majestosamente, na verdade, uma multidão de sonhos. E eles – os sonhos – giravam sem parar, assumindo a cor de cada salão e fazendo com que a impetuosa música da orquestra parecesse o eco de seus passos. Daí a pouco soa o relógio de ébano colocado no salão de veludo. Então, por um momento, tudo se imobiliza e é tudo silêncio, menos a voz do relógio. Os sonhos se congelam como estão. Mas os ecos das batidas extinguem-se – duraram apenas um instante – e risos levianos, mal reprimidos, flutuam atrás dos ecos, à medida que vão morrendo. E logo a música cresce de novo, e os sonhos revivem e rodopiam mais alegremente que nunca, assumindo as cores das muitas janelas multicoloridas, através das quais fluem os raios luminosos dos tripés. Ao salão que fica a mais oeste de todos os sete, porém, nenhum dos mascarados se aventura agora; pois a noite está se aproximando do fim: ali flui uma luz mais vermelha pelos vitrais cor de sangue e o negror das cortinas escuras apavora; para aquele que pousa o pé no tapete negro, do relógio de ébano ali perto chega um clangor ensurdecido mais solene e enfático que aquele que atinge os ouvidos dos que se entregam às alegrias nos salões mais afastados.
Mas nesses outros salões cheios de gente batia febril o coração da vida. E o festim continuou em remoinhos até que, afinal, começou a soar meia-noite no relógio. Então a música cessou, como contei, as evoluções dos dançarinos se aquietaram, e, como antes, tudo ficou intranqüilamente imobilizado. Mas agora iriam ser doze as badaladas do relógio; e desse modo mais pensamentos talvez tenham se infiltrado, por mais tempo, nas meditações dos mais pensativos, entre aqueles que se divertiam. E assim também aconteceu, talvez, que, antes de os últimos ecos da última badalada terem mergulhado inteiramente no silêncio, muitos indivíduos na multidão puderam perceber a presença de uma figura mascarada que antes não chamara a atenção de ninguém. E, ao se espalhar em sussurros o rumor dessa nova presença, elevou-se aos poucos de todo o grupo um zumbido ou murmúrio que expressava a reprovação e surpresa – e, finalmente, terror, horror e repulsa.
Numa reunião de fantasmas como esta que pintei, pode-se muito bem supor que nenhuma aparência comum poderia causar tal sensação. Na verdade, a liberdade da mascarada dessa noite era praticamente ilimitada; mas a figura em questão ultrapassava o próprio Herodes, indo além dos limites até do indefinido decoro do príncipe. Existem cordas, nos corações dos mais indiferentes, que não podem ser tocadas sem emoção. Até para os totalmente insensíveis, para quem a vida e morte são alvo de igual gracejo, existem assuntos com os quais não se pode brincar. Na verdade, todo o grupo parecia agora sentir profundamente que na fantasia e no rosto do estranho não existia graça nem decoro. A figura era alta e esquálida, envolta do pés a cabeça em vestes mortuárias. A máscara que escondia o rosto procurava assemelhar-se de tal forma com a expressão enrijecida de um cadáver que até mesmo o exame mais atento teria dificuldade em descobrir o engano. Tudo isso poderia ter sido tolerado, e até aprovado, pelos loucos participantes da festa, se o mascarado não tivesse ousado encarnar o tipo da Morte Escarlate. Seu vestuário estava borrifado de sangue, e sua alta testa, assim como o restante do rosto, salpicada com o horror rubro.
Quando os olhos do príncipe Próspero pousaram nessa imagem espectral (que andava entre os convivas com movimentos lentos e solenes, como se quisesse manter-se à altura do papel), todos perceberam que ele foi assaltado por um forte estremecimento de terror ou repulsa, num primeiro momento, mas logo o seu semblante tornou-se vermelho de raiva.
- Quem ousa…? perguntou com voz rouca aos convivas que estavam perto – quem ousa nos insultar com essa caçoada blasfema? Peguem esse homem e tirem sua máscara, para sabermos quem será enforcado no alto dos muros, ao amanhecer!
O príncipe Próspero estava na sala leste, ou azul, ao dizer essas palavras. Elas ressoaram pelos sete salões, altas e claras, pois o príncipe era um homem ousado e robusto e a música se calara com um sinal de sua mão.
O príncipe achava-se no salão azul com um grupo de pálidos convivas ao seu lado. Assim que falou, houve um ligeiro movimento dessas pessoas na direção do intruso, que, naquele momento, estava bem ao alcance das mãos, e agora, com passos decididos e firmes, se aproximava do homem que tinha falado. Mas por causa de um certo temor sem nome, que a louca arrogância do mascarado havia inspirado em toda a multidão, não houve ninguém que estendesse a mão para detê-lo; de forma que, desimpedido , passou a um metro do príncipe e, enquanto a vasta multidão, como por um único impulso, se retraía do centro das salas para as paredes, ele continuou seu caminho sem deter-se, no mesmo passo solene e medido que o distinguira desde o inicio, passando do salão azul para o púrpura, do púrpura para o verde, do verde para o alaranjado, e desse ainda para o branco, e daí para o roxo, antes que se fizesse qualquer movimento decisivo para dete-lo. Foi então que o príncipe Próspero, louco de raiva e vergonha por sua momentânea covardia, correu apressadamente pelos seis salões, sem que ninguém o seguisse por causa do terror mortal que tomara conta de todos. Segurando bem alto um punhal desembainhado, aproximou-se, impetuosamente, até cerca de um metro do vulto que se afastava, quando este, ao atingir a extremidade do salão de veludo, virou-se subitamente e enfrentou seu perseguidor. Ouviu-se um grito agudo e o punhal caiu cintilando no tapete negro, sobre o qual, no instante seguinte, tombou prostrado de morte o príncipe Próspero. Então, reunindo a coragem selvagem do desespero, um bando de convivas lançou-se imediatamente no apartamento negro e, agarrando o mascarado, cuja alta figura permanecia ereta e imóvel à sombra do relógio de ébano, soltou um grito de pavor indescritível, ao descobrir que, sob a mortalha e a máscara cadavérica, que agarravam com tamanha violência e grosseria, não havia qualquer forma palpável.
E então reconheceu-se a presença da Morte Escarlate. Viera como um ladrão na noite. E um a um foram caindo os foliões pelas salas orvalhadas de sangue, e cada um morreu na mesma posição de desespero em que tombou ao chão. E a vida do relógio de ébano dissolveu-se junto com a vida do último dos dissolutos. E as chamas dos braseiros extinguiram-se. E o domínio ilimitado das Trevas, da Podridão e da Morte Escarlate estendeu-se sobre tudo.

A Máscara da Morte Escarlate – Edgar Allan Poe


O Revmo. Pe. Gabriele Amorth, da Pia Sociedade de São Paulo, muito apreciado na Itália por seus livros sobre Nossa Senhora e sua atividade jornalística - seu programa na Radio Maria peninsular conta com 1.700.000 ouvintes -, tornou-se mundialmente conhecido com o lançamento de sua obra Um exorcista conta-nos, em 1990. Tal obra alcançou notável êxito editorial na Itália, tendo sua tradução portuguesa obtido várias edições. A partir de então, a mídia internacional vem focalizando a atuação desse sacerdote, nomeado Presidente da Associação Internacional dos Exorcistas.
Solicitadíssimo por inúmeras pessoas necessitadas de amparo contra as insídias diabólicas, o Pe. Amorth exerce intenso e extenuante trabalho apostólico. Mesmo assim, marcou um horário para receber nosso enviado especial, Sr. Nestor Fonseca, a quem acolheu amavelmente, juntamente com o fotógrafo, Sr. Kenneth Drake, na Casa-Mãe da Pia Sociedade de São Paulo, na Cidade Eterna, no dia 26 de junho último. E durante aproximadamente duas horas foi respondendo, com a segurança de um zeloso e experimentado exorcista, às múltiplas e complexas questões que lhe foram sendo apresentadas. Abaixo transcrevemos partes da substanciosa entrevista.
1. Catolicismo - Todas as pessoas sofrem as insídias e as tentações diabólicas, acontecendo de uma mesma tentação voltar a se repetir muitas vezes. Podemos dizer que tal tentação torna-se um estado de perseguição do demônio?
Pe. Amorth - Devemos distinguir a ação ordinária da ação extraordinária do demônio. A ação ordinária é a de tentar-nos. Por conseguinte, todo o campo das tentações pertence à ação ordinária diabólica à qual todos somos sujeitos e o seremos até a morte. A tal ponto somos sujeitos a essas tentações, que Jesus Cristo, fazendo-se Homem, aceitou ser tentado por Satanás, não apenas nas três tentações do deserto, mas durante toda a sua vida, como também ocorreu com Maria Santíssima. Isto porque a tentação faz parte da condição humana. Esta é a ação ordinária do demônio, como dizia o Catecismo de São Pio X, “por ódio a Deus, [o demônio] tenta o homem ao mal”. Ou seja, por ódio a Deus, o demônio gostaria de arrastar-nos todos para o inferno.
A ação extraordinária, por sua vez, é uma ação rara. É aquela na qual o demônio causa distúrbios particulares. Portanto, não se trata de simples tentação. Distúrbios particulares que podem chegar à possessão diabólica.
2. Catolicismo - Que tipos de distúrbios podem ocorrer? V. Revma. poderia classificá-los e, ao mesmo tempo, dar as razões da existência de tais distúrbios?
Pe. Amorth - Não existem dois casos iguais. Já fiz mais de 40 mil exorcismos. Entendamo-nos. Não a 40 mil pessoas, pois em muitas delas eu fiz centenas e centenas de exorcismos. Pois livrar uma pessoa do demônio, geralmente, constitui um trabalho MUITO lento.
Como escrevi em meu livro Um exorcista conta-nos, fico bastante contente quando uma pessoa se livra do demônio, após quatro ou cinco anos de exorcismos, com a média de um exorcismo por semana. Conheèo pessoas que ficaram livres do demônio após 12 ou 14 anos de exorcismos seguidos. Portanto, muitos exorcismos feitos Ï mesma pessoa.
Uma pessoa pode levar vida normal com sofrimentos, de maneira que aqueles com os quais convive nem se dìem conta de que está possessa. Apenas quando sobrevìm os momentos de crise, ent o ela se comporta de uma maneira inteiramente anormal, n o podendo cumprir seus deveres de trabalho, de família, sem excessiva dificuldade. Em alguns casos, a pessoa pode ser assaltada pelo demônio, digamos, 24 horas ao dia. Em tal caso, a pessoa n o pode fazer nada. Mas s o casos raríssimos.
3. Catolicismo - Qual é a causa para que o demônio permaneça mais ou menos tempo na mesma pessoa?
Pe. Amorth - A expulsão do demônio depende de uma intervenção extraordinária de Deus. Ou seja, cada expulsão do demônio constitui um verdadeiro milagre. E Deus pode praticá-lo a qualquer momento. Nós, exorcistas, podemos prever, através de algo que nos oriente, quanto tempo ser-nos-á necessário para expulsar o demônio de uma pessoa. Por exemplo, uma criança. É mais fácil expulsar o diabo de uma criança que de um adulto. O mesmo passa-se em relação a uma pessoa que nos procura logo após ter sido possuída, uma vez que o demônio ainda não teve tempo de deitar raízes naquela pessoa. O primeiro exorcismo fala em “erradicar e expulsar o demônio”.
Ao contrário, torna-se muito mais difícil quando sou procurado por pessoas de 50, 60 anos, e ao fazer-lhes exorcismos falando com o demônio - pois eu falo diretamente com o demônio quando a pessoa está endemoninhada -, descubro que às vezes a pessoa era criança ou ainda se encontrava no próprio seio materno quando sofreu os primeiros ataques do Maligno.
4. Catolicismo - V. Revma., há pouco, referindo-se à expulsão do demônio de um possesso, disse que ela constitui sempre uma intervenção extraordinária de Deus...
Pe. Amorth - Certo. A libertação de uma pessoa da ação do demônio constitui sempre uma intervenção extraordinária de Deus. Aliás, tenho disso um exemplo, ocorrido na semana passada. Um caso muito difícil de possessão diabólica e eu tinha razões suficientes que levavam a prever muitos anos de exorcismos para se libertar aquela alma das garras do demônio.
Acontece que tal pessoa foi ao Santuário de Lourdes, na França, tomou banho na piscina, acompanhou a procissão do Santíssimo Sacramento, rezou muito. Resultado: um milagre! Voltou para casa completamente livre da possessão
5. Catolicismo - V. Revma. poderia dar uma explicação a nossos leitores, ainda que sucinta, da necessidade do exorcismo e dos exorcistas?
Pe. Amorth - O exorcismo é constituído de várias orações oficiais feitas em nome da Igreja, e Deus ouve essas orações. Com efeito, existem tantas razões para isso! O exorcismo depende muito das causas que determinaram a possessão diabólica, uma vez que estas exercem muita influência sobre o possesso. Dou-lhe um exemplo simples.
Se uma pessoa se consagrou a Satanás e fez o pacto de sangue com ele, é fácil entender que ela praticou um ato voluntário de doação de si mesma ao Maligno. Então, libertar tal pessoa torna-se muito mais difícil, faz-se necessário muito mais tempo do que o empregado para libertar um inocente, que foi vítima de um malefício causado por outra pessoa.
6. Catolicismo - Pelo que V. Revma. afirmou acima, o exorcismo não constitui o único modo de uma pessoa fazer cessar a possessão. Haveria outras? Porque com a atual dificuldade em encontrar exorcistas.
Pe. Amorth - Pode-se libertar da possessão com o exorcismo, que é uma oração oficial da Igreja, mas reservada aos exorcistas - pouquíssimos, quase inencontráveis. Outra forma, aberta a todos, são as orações de libertação. No final de meus livros eu acrescento orações de libertação que sugiro. As orações mais eficazes são as de louvor, glória a Deus. Assim nós também muitas vezes, nos próprios exorcismos, recitamos o Credo, o Glória, o Magnificat, Salmos, trechos da Bíblia, o Evangelho em que Jesus liberta os endemoninhados. Elas têm grande eficácia.
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7. Catolicismo - Os demônios têm nomes?
Pe. Amorth - Quando constringidos pelo exorcista a dizer seus nomes, costumam apresentá-los. Os que têm nomes bíblicos ou de tradição bíblica, são demônios fortes e é muito mais trabalhoso exorcizá-los. Continuamente dão nomes como Satanás, Asmodeu, Lilite, denominações igualmente importantes. O nome Lúcifer é de tradição bíblica e não um nome bíblico. Ou seja, nós o atribuímos à Bíblia, mas esta não cita Lúcifer. Encontramos freqüentemente um demônio de nome Zabulom. O nome Zabulom, encontramo-lo na Bíblia, mas nunca como demônio. Zabulom é uma das 12 tribos de Israel. Há um demônio, porém, que tomou posse desse nome e é um demônio fortíssimo.
Encontramos nas Sagradas Escrituras o demônio Asmodeu. Deparo-me muitíssimas vezes com ele, porque é o demônio que destrói os casamentos. Ele rompe os matrimônios ou os impede. É tremendo!
Uma pessoa possuída ou possessa, in genere, pode estar dominada por muitos demônios. Temos um exemplo no Evangelho, quando Nosso Senhor interroga os endemoninhados de Gerasara e pergunta: “Como te chamas?” E o demônio responde: “legião”, porque são muitos.
Lembro o caso de um demônio fortíssimo que possuía uma freira, uma possessão tremenda (às vezes, são vítimas que se oferecem pela conversão dos pecadores e sofrem esta espécie de possessão). Quando eu lhe perguntava o número, respondia-me: “Milhares!” “Milhares!” “Milhares!”
8. Catolicismo - A TV, de um modo geral, com programas incentivadores de práticas de magia e espiritismo, bem como desagregadores das tradições cristãs e da família, têm colaborado ponderavelmente para o incremento do satanismo? E o rock satânico, tem concorrido para a disseminação do poder do demônio?
Pe. Amorth - Quando foi inventada a televisão, o Padre Pio ficou furioso. E a quem lhe dizia que se tratava de uma magnífica invenção, ele respondia: “Verá que uso farão dela!” Com efeito, a TV é corrupção da juventude e igualmente dos velhos! Ouso acrescentar: é também a corrupção dos padres, dos sacerdotes e das freiras. Com os espetáculos contínuos de sexo, de horror, de violência... A Internet é ainda pior, a Internet é ainda pior, repito.
Certa vez, ao fazer um exorcismo, falando com o demônio, ele dizia: “A televisão, fui eu que a inventei!” Eu afirmava: “Não! Tu és um mentiroso! A televisão é uma grandíssima invenção do homem. Tu inventaste o mau uso dela, a fim de corromper as pessoas”
Todos sabemos que existe o nudismo. Todos sabemos que haverá [já houve, em Roma], dentro de alguns dias, uma manifestação de homossexuais! Uma demonstração do vício, o pecado que isso representa! Ali está, não há dúvida, a ação do demônio..
No caso acima, existe a atividade ordinária do demônio de tentar o homem, mas também a atividade extraordinária do demônio, que se serve da ocasião para possuir as pessoas que promovem essas coisas.
Quanto ao rock satânico, é tremendo. Pode conduzir à possessão diabólica porque ensina o culto a Satanás. E pouco a pouco, através do culto a Satanás, chega-se a ser possuído por ele. Satanás é esperto, introduz-se sem nunca fazer-se sentir. Pode-se começar com simples jogos de cartas, de tarôs, e, através dos jogos, saber se vai ganhar na loteria, adivinhar acontecimentos, doenças de amigos. E
9. Catolicismo - As doutrinas marxistas e sua aplicação concreta contribuem, de modo considerável, para a difusão do satanismo na sociedade contemporânea?
Pe. Amorth - Sim. Tenhamos presente que assim como o demônio pode possuir uma pessoa, pode igualmente possuir uma classe de pessoas, pode assumir o governo de uma nação.
Exemplifico. Estou convicto de que Hitler, Stalin, eram possuídos pelo demônio e que o nazismo - em massa - era possuído pelo Maligno. Auschwitz, Dachau: não podem ser explicadas as atrocidades cometidas nesses lugares sem se cogitar numa perfídia verdadeiramente diabólica. E não há nenhuma dúvida de que o demônio influiu muitíssimo no mundo cultural. O demônio quer distanciar o homem de Deus.
Por outro lado, tivemos pela primeira vez na História um fenômeno profetizado em Fátima - 1917, 13 de julho -, a aparição mais importante de Nossa Senhora em Fátima, aquela na qual encontram-se os segredos e em que Nossa Senhora fez ver o inferno. Nessa ocasião, entre outras coisas, profetizou: “Se não obedecerem minhas palavras, a Rússia espalhará seus erros pelo mundo”. Nunca aconteceu que o povo tivesse sido instruído para o ateísmo. Em Moscou, entretanto, existia uma Universidade do ateísmo, na qual se formavam os participantes do Partido e se ensinava como atuar para destruir a religião em uma nação religiosa. Jamais, no passado da humanidade, ensinou-se o ateísmo. Foi uma novidade de nosso século, devido ao comunismo que espalhou o ateísmo por todo o mundo.
10. Catolicismo - A falta de fé seria a principal e mais profunda causa do aumento do poder satânico no mundo atual?
Pe. Amorth - Sempre. É matemático. Examinando toda a história do Antigo Testamento, a história de Israel, quando esta abandona Deus, entrega-se à idolatria. É matemático, quando se abandona a Fé, entregamo-nos à superstição. Isto aplica-se, em nossos dias, a todos nós do mundo ocidental.
Tomem as velhas nações da Cristandade medieval. A católica Itália, a França, a Espanha, a Áustria, a Irlanda, que uma vez foram nações cujo catolicismo era forte. Agora o catolicismo tornou-se fraquíssimo. Na Itália, de 12 a 14 milhões de italianos freqüentam atualmente sessões de bruxaria e cartomantes. Há no país aproximadamente 65.000 bruxos e cartomantes, muito mais que o número de sacerdotes.
Existem também na Itália de 600 a 700 seitas satânicas. E 37% da juventude italiana participaram algumas vezes de sessões espíritas, acreditando ser um mero jogo...
Um movimento dirigido por um sacerdote ensina aos pais como falar com seus filhos falecidos... Isto é espiritismo puro. Em outros tempos o espiritismo exercia-se através de um médium em estado de transe, e o médium evocava a pessoa.
O espiritismo consiste em evocar um defunto para interrogá-lo e obter dele respostas. Agora não é mais necessária a presença do médium, pois pratica-se o espiritismo através do gravador, do televisor e da Internet... Os dois meios mais usados são gravadores e escritura automática. A página mais lida dos jornais é o horóscopo... e os quotidianos não são comprados pelos analfabetos. São os industriais, os políticos, que não tomam decisões sem antes ouvir um bruxo. Ou seja, sempre que diminui a Fé, aumenta a superstição.
Por exemplo, faz-se um referendum na Itália para a defesa da família, vence o divórcio; faz-se um referendum em defesa da vida, vence o aborto. E isto na católica Itália... Não nos espantemos, Satanás é poderoso. Nosso Senhor o chama por duas vezes “Príncipe deste Mundo”. São Paulo o chama “deus deste mundo”. São João diz: “Todo mundo jaz sob o poder do Maligno”. E quando o demônio tenta Nosso Senhor, leva-O ao alto do monte, fá-Lo ver os reinos da Terra, e diz: “São meus, e os dou a quem quero e se tu te ajoelhares diante de mim...” . Jesus não lhe responde: “Tu és um mentiroso, todos os reinos são de meu Pai. É Ele quem dá a quem quiser”. Não, não. A Escritura diz: “Tu ajoelhar-te-ás somente ante teu Deus”. Nosso Senhor não contradiz o demônio.
Hoje tantos ajoelham-se diante de Satanás para obter sucesso, prazer, riquezas - as três grandes paixões do homem! E o demônio oferece o sucesso, o prazer, a riqueza, mas sempre unidos a terríveis sofrimentos. Vemos o sucesso, vemos o dinheiro. Imaginamos que aquela pessoa é feliz. Não é verdade, pois o demônio só pode praticar o mal. Por conseguinte, as pessoas que se entregam ao demônio têm o inferno nesta vida e na outra. Aqui um inferno dourado, mascarado de sucesso, e depois... o fogo eterno!
11. Catolicismo - Qual a influência do chamado progressismo católico nessa decadência da virtude teologal da fé?
Pe. Amorth - Hoje, infelizmente, existem teólogos e exegetas que negam até mesmo os exorcismos de Nosso Senhor. No meu último livro - Exorcismos e Psiquiatras - dedico um capítulo aos exorcistas franceses; apenas cinco de um total de 105 crêem e fazem exorcismos, os outros... não crêem neles. Em um de seus congressos, convidaram para falar exegetas que negam os exorcismos de Nosso Senhor. Afirmam eles tratar-se de uma linguagem apenas cultural e que o Redentor adaptava-se à mentalidade da época, mas que, na verdade, aquelas pessoas eram apenas loucas e não possessas.
Essas prédicas de exegetas influíram nos espíritos dos Bispos, dos padres etc.
12. Catolicismo - Quais as razões que levam Bispos católicos a se desinteressarem inteiramente da temática demônio, abandonando assim os fiéis à ação preternatural, crescente nos dias atuais?
Pe. Amorth - Não há razão para se impressionar com minha resposta. No Evangelho, Nosso Senhor diz: “O demônio é fortíssimo”. Isto está muito claro. É fortíssimo e conseguiu, com sua habilidade, fazer-nos crer que [ele] não existe, coisa que mais lhe agrada. Porque pôde realizar isso nestes séculos - pois já faz três séculos que faltam exorcistas. E isso explica meu combate aos Bispos, aos padres que não crêem na ação do demônio. Eu os critico fortemente.
Julgo que 90% dos padres e dos Bispos não crêem na ação extraordinária do demônio. Talvez existam alguns! TALVEZ, TALVEZ. No Concílio Vaticano II, alguns Bispos já afirmavam que não existia!... Durante o Concílio, hein! Diante da Assembléia Conciliar! Repito: tenho por certo que 90% dos Bispos e sacerdotes não crêem na ação extraordinária do demônio.
Razão pela qual há três séculos, na Igreja latina, verifica-se uma escassez espantosa de exorcistas. Na Alemanha, nenhum! Na Áustria, nenhum! Na Suíça, nenhum! Na Espanha, nenhum! Em Portugal, nenhum! Quando eu digo “nenhum”, não estou afirmando que não existam um, dois, mas de tal maneira não são encontrados, que os considero como inexistentes.
Em uma cidade européia, importante centro de peregrinação, temos uma livraria Paulina. Quando lá estive, dei-me conta, através de um livreiro amigo, que dispunham de meu livro na livraria, mas escondido. “Os Bispos disseram-nos para tê-lo escondido, e não expô-lo! De não expô-lo!”
Por outro lado, há muitos Bispos que não nomearam exorcistas. Um Prelado famoso - o Cardeal Todini, que foi Arcebispo de Ravena -, numa transmissão televisiva jactou-se de nunca ter nomeado exorcistas! Esta, infelizmente, é a situação na qual nos encontramos.
13. Catolicismo - V. Revma. baseia-se em alguma escola espiritual, em algum Santo, para tomar uma posição tão louvável quanto destemida?
Pe. Amorth - Eu procuro seguir a linha iniciada por um santo espanhol, o Beato Francisco Palau, carmelitano, que já em 1870 veio a Roma falar sobre o exorcismo com o Papa Pio IX. Voltou depois a Roma durante as sessões do Concílio Vaticano I, para que se tratasse da necessidade de exorcistas. Com a interrupção daquele Concílio em razão da tomada de Roma, o assunto sequer foi levantado.
14. Catolicismo - Pe. Amorth, que conselho V. Revma. poderia dar-nos e a nossos caros leitores para nos precavermos contra eventuais malefícios (macumbas, por exemplo) que se queiram fazer para nos prejudicar?
Pe. Amorth - O conselho número um consiste em ter fé. Depois, viver na graça de Deus. Se se vive em estado de graça, está-se protegido, é mais difícil que a macumba nos atinja. Porém, se se é realmente atingido, é necessário recorrer-se aos exorcismos, a muitas orações, a muitos sacramentos e, com a graça de Deus, se é libertado. Mas pode ser que Deus permita que se continue no estado de possessão, para o bem espiritual da própria pessoa. Assim, São João Crisóstomo afirma que o demônio, malgrado ele próprio, é o grande santificador das almas…

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Como tranquilo é a vida dele ...  por Reinante El Pintor de Fuego via http://www.flickr.com/photos/reinante/3944723277/
De acordo com uma recente declaração do padre Gabriele Amorth, exorcista-chefe do Vaticano, "O Diabo reside no Vaticano e você pode ver as consequências." Usando seus poderes do mal de mudar de forma, desaparecem, falar em diferentes línguas estrangeiras ", ou até parece ser simpático, "O padre Amorth diz que o Príncipe das Trevas trabalha constantemente para minar seus esforços santos, mas ainda afirma ser" um homem que é feliz no seu trabalho. "
Uma entrevista, com sacerdote pela La Repubblica foi recentemente foi tema de notícias europeias, como The Telegraph , na qual Amorth descreve filme William Peter Blaty de 1973 O Exorcista como um "substancialmente exata" representação de possessão demoníaca, embora algumas circunstâncias relativas a exorcismos que realizou no passado pode realmente ser mais surpreendente do que aqueles testemunhado no filme.
Revisto em Janeiro de 1998, de exorcismos e súplicas Certas é um documento da Igreja Católica que detalha o rito secular de exorcismo. O seguinte é um excerto de uma primeira versão deste documento, revisto em 1614:

Eu te ordeno, espírito imundo, quem você é, juntamente com todos os seus asseclas agora atacando este servo de Deus, pelos mistérios da encarnação, paixão, ressurreição e ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo, pela descida do Espírito Santo, por a vinda de nosso Senhor para o julgamento, que você me diga por alguns assinar o seu nome, e no dia e hora de sua partida. Eu te ordeno, além disso, a obedecer-me ao pé da letra, eu que sou um ministro de Deus, apesar da minha indignidade, nem deve você ser encorajado a prejudicar de forma alguma esta criatura de Deus, ou os espectadores, ou quaisquer de suas posses.
Servir em condições semelhantes a estes a si mesmo, sem dúvida, uma das facetas mais estranhas de posse Amorth cita detalhes como as vítimas vomitar várias coisas estranhas durante o ritual de exorcismo, incluindo pétalas de rosa, cacos de vidro e "pedaços de ferro, um dedo." Amorth, que tem oitenta e cinco anos, afirma ter realizado 70.000 exorcismos em sua vida. No entanto, a Igreja Católica hoje mais frequentemente só tolera exorcismos em circunstâncias extremas e após investigação especial sobre o assunto, uma vez mais, muitas vezes assume-se que a vítima sofre de alguma manifestação de psicose ou outro transtorno mental.
Amorth mantém fiel ao seu credo, independentemente, certo de que as forças do mal agem sobre nós neste mundo. "O exorcista tem um dever principal," ele afirma enigmaticamente. "Para libertar os seres humanos do medo do diabo."

Você pode ver a entrevista completa Clicando aqui.
Via: Mysterious Universe.

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